Vivemos em uma sociedade sem memória, que procura apagar o passado a qualquer custo e finge viver o presente, quando o que realmente lhe motiva a existência é o futuro. Aceitando a idéia de que a época da juventude é um tempo de ir contra as convenções, de se rebelar frente ao que está estabelecido, de lutar pelo direito de usufruir dos prazeres, não é de se espantar que a opinião geral seja que a nova geração está perdida. As referências são tantas, que se anulam. Tudo já foi pensado, e tudo já foi negado. Sentir prazer é regra, e cada vez mais pessoas se viciam em comprimidos para garantir que esta regra seja cumprida. As drogas não servem mais para “abrir a cabeça”, servem para sustentar o tráfico, financiar o crime organizado e matar crianças. Os jovens hoje também não possuem um inimigo em comum para atirar pedras, na verdade são muitos. E são tantos os que se disfarçam sob uma roupagem atraente, que muitas vezes, nos sentimos tentados a comprá-los. E compramos sem perceber. Apoiamos a ditadura de hoje sem querer, mantendo os ricos satisfeitos à custa da opressão dos pobres, a beleza externa superior ao espírito e a malandragem vitoriosa sobre a inteligência. Fazemos isso porque somos de uma geração criada para ser individualista. A indústria descobriu que deve moldar o consumidor ainda na infância, quando o indivíduo está na sua fase mais vulnerável, sem uma personalidade formada, aberto a influências de todo o tipo, e semeia aquela mente fértil com a idéia de que ter mais lhe fará ser melhor. Ao mesmo tempo, essa geração tem plena consciência da insignificância do indivíduo frente ao mundo, a globalização assegurou-lhe disso. O que ela mais deseja não é um produto comercializável, e sim aquilo que todo o ser humano almeja, mas foi colocado de lado como uma utopia ultrapassada: a felicidade, a paz, o amor.
Respiro fundo, após este desabafo um tanto confuso, para finalizar com esta questão: Como resolver o dilema de uma geração que foi condicionada a viver na solidão, mas tem ambições que só a coletividade conseguiria atingir?
Respiro fundo, após este desabafo um tanto confuso, para finalizar com esta questão: Como resolver o dilema de uma geração que foi condicionada a viver na solidão, mas tem ambições que só a coletividade conseguiria atingir?